segunda-feira, maio 28, 2007

Visitando Kitano


Acordamos com um céu nublado. Uma chuva fina e chata caia enquanto tomávamos nosso café da manhã.
Não havíamos trazido guarda-chuva.
"Será que o hotel não nos empresta um?", perguntei para o Luiz.
"Deve ter um para emprestar, sim. Acho que vi um hóspede saindo com um."
Alívio, pois nosso passeio seria quase todo ao ar livre.
Terminamos nosso café cheio de pãezinhos, geléias, ovos mexidos, salsichas, suco... hummm!
Quase todas as mesas estavam ocupadas por estrangeiros. Um grupo de chineses mal-educados que ignoravam a placa de não fumar. Uma família de americanos que atraia os olhares curiosos e constrangedoramente insistentes de duas japonesas ao nosso lado. Um casal de idosos americanos mais à frente. Alguns engravatados sozinhos aqui e ali. Business and pleasure.
Mapa na mão, guarda-chuva na outra e lá famos nós rumo a Kitano para conhecer as casas que pertenceram aos estrangeiros que chegaram ao Japão no século 19 com a abertura dos portos. O lugar é conhecido como Ijinkan (casa dos estrangeiros) e não foi difícil chegar até lá. Talvez 10 minutos a pé do hotel, mas aviso que vocês terão que enfrentar umas ladeiras bem íngremes!


As casas funcionam como museus exibindo objetos e móveis da época. Talvez uns anos atrás consideraria um verdadeiro programa de índio. Cheiro de mofo, penumbra. "Velharias". Coisa de pesquisa escolar. Eca!, diria. Mas apreciamos e bastante!

Duas senhoras na calçada nos ofereceram um passaporte com direito a visita a 9 casas a um preço especial. Dia de chuva. Poucos fregueses. Lucky day!
O primeiro lugar que visitamos foi a Casa do Ben.


A casa pertenceu a um caçador que viajou o mundo todo. As paredes da casa, o chão, tudo forrado com as cabeças de animais. Bem bizzaro. Creio que não me sentiria confortável em jantar com um alce me olhando assim...


Ou abrir a porta e dar de cara com esse antílope me olhando desta maneira...

E que tal se sentar nestes banquinhos?


Creio que a casa do Ben daria um bom cenário para um filme de suspense! rsss
Felizmente nas outras casas encontramos vários objetos bem mais interessantes. Ficar algum tempo dentro destas casas nos faz esquecer que estamos no Japão. Os moradores trouxeram tudo de seus países de origem, desde pequenos objetos de decoração até carros!

Disseram que este Rolls Royce ainda funciona!

Detalhe de um vitral numa casa italiana. Os funcionários da casa-museu disseram que seu último morador foi o presidente da Nestle!

Lindo mosaico no chão da entrada da casa italiana.



Olha o fogão que eles usavam na época!

Muitas esculturas e móveis de madeira entalhados.
Achei estes vasos chineses um luxo! De perto os detalhes impressionam!
Devia ser bem cansativo passar roupa...

Adorei esta foto, modéstia à parte! rsss

Esculturas africanas. Dão um pouco de medo, não acham?
Fiquei apaixonada por estas formas de bolo!


O antigo consulado chinês impressiona pelos móveis, objetos e detalhes como este. Lindos!

Fiquei enlouquecida com as louças, uma mais linda que a outra!





Esta cristaleira me hipnotizou por alguns bons minutos. Exibe xícaras de vários hotéis e restaurantes famosos do mundo todo!


Hotel Negresco em Nice, restaurante Maxim's em Paris.


Hotel George V em Paris.



The Ritz em Londres e The Pierre Hotel em Nova Iorque.
É difícil não deixar de suspirar imaginando as viagens que este morador deve ter feito ao longo de sua vida...
Olha que nome mais romântico para este corredor na casa italiana!

Ele nos conduz para uma adega antiquíssima! Tem vinhos de 300 anos atrás! Imagine a fortuna que deve custar hoje em dia!



Terminamos nosso passeio em Kitano almoçando no pequeno restaurante que fica na varanda da casa italiana. Este pequeno altar mais o jardim com piscina ficavam logo abaixo. A comida é bem simples, nada de arregalar os olhos, mas a simpatia e gentileza das funcionárias compensa. Trouxeram-nos até pequenos cobertores para cobrir nossas pernas pois um ventinho frio teimava em soprar. Além da casa toda ser muito linda!



E assim deixamos Kobe para trás. Sem dúvida um passeio que vai ficar na nossa memória pelos lugares pitorescos e coisas lindas que tivemos oportunidade de conhecer!

sexta-feira, maio 18, 2007

Wagyu, o diamante negro das carnes bovinas


Para publicar a postagem sobre o bife de Kobe queria complementar com um pouco da história do gado Wagyu a partir deste livro. Porém, na hora em que fui consultá-lo, cadê? Procurei, fucei, revirei tudo quanto é canto aqui no apartamento e nada de encontrar o bendito!
Ontem, enquanto procurava outro livro de receitas, eis que o lindo e belo aparece! rsss
Como parece que o assunto despertou curiosidade e interesse na maioria dos visitantes, resolvi extender um pouco mais o tema e corrigir algumas coisas que escrevi no post anterior.

"A raça Wagyu foi provavelmente levada ao Japão como animal de carga, proveniente da Manchúria e da Península Coreana. Isso aconteceu no século II d.C., época em que o cultivo de arroz foi introduzida no Japão. Durante pelo menos mil anos, o Wagyu trabalhou nos campos de arroz, antes de ter passado a ser consumido como alimento. A maioria do gado Wagyu é criada de modo caseiro, em pequenas fazendas familiares em todo o Japão, embora ainda existam grandes criadores, muitos fazendeiros transportam seu gado até a região ao redor de Kobe, para concluir a engorda e processar a carne, porque a carne com o nome de Kobe ainda consegue um preço mais alto. O gado Wagyu não pasta livremente: usa-se massagens para relaxar seus músculos, e não para dispersar a gordura; ocasionalmente é alimentado com cerveja para manter uma população saudável de micróbios em seu rume, e não para adicionar sabor a sua carne ou mantê-lo relaxado. O gosto próprio e a textura marmórea do Wagyu são em parte genéticos e em parte resultado da alimentação; sua gordura contém uma alta proporção de ácido oléico, monossaturado (também encontrado no azeite de oliva), que responde pelo gosto amanteigado e pelo colesterol moderado."

Trecho retirado do livro "O homem que comeu de tudo", Jeffrey Steingarten, página 267.

sábado, maio 12, 2007

Kobe - cidade gourmet


Planejamos a viagem para Kobe de uma hora para outra. Quer dizer, quase um mês antes mas aqui um prazo assim já é praticamente em cima da hora! Os japoneses reservam suas viagens com meses de antecedência. Dependendo do destino, você pode até mesmo ter que esquecer sua viagem! Lembro que na nossa segunda viagem à Okinawa nenhum dos hotéis que escolhemos estava com vagas disponíveis e tivemos que nos contentar com um bem afastado da praia.
Desta vez conseguimos reservas no Holiday Inn Express como queríamos. Barato e bem localizado. Este hotel foi bem recomendado pelo que pesquisei na net e nesta revista aí em cima que comprei. Realmente não nos decepcionou. Não tem nenhum luxo, tudo muito simples mas limpo e com um bom atendimento. Fica bem perto da estação Shin-Kobe, 5 minutos à pé e próximo do bairro Kitano, um famoso ponto turístico com suas casas antigas que pertenceram à estrangeiros. Mas esta estória fica mais para frente.
Da estação, é possível pegar metrô para vários pontos turísticos, o que nos fez economizar bastante. Não usamos taxi em nenhum momento. Única desvantagem é ter que andar um bocadito, mas foi bom para queimar as calorias extras que ganhamos com todas as delícias que provamos na cidade!
Fizemos reserva do trem bala também e pela primeira vez tomei o Nozomi, que eu chamo de "bico de pato". Dêem uma olhada na foto abaixo e me digam se a comparação não é merecida. Este trem só pára nas maiores cidades o que faz com que chegue, por exemplo, de Nagoya à Toquio em apenas 100 minutos. No trem bala comum, o Kodama, que pára em todas as estaçõs, o mesmo trecho leva cerca de 3 horas.



Dentro do trem, a sensação é como andar de metrô. Mas a paisagem passa feito um raio, muito rápido mesmo! Por milagre consegui captar essas duas fotos abaixo. Uma do topo de um templo em Kyoto e outra do famoso Umeda Sky Building, que você vê mais ao fundo em Osaka. Aliás, nesta foto do Nozomi que você vê aí, ele está indo embora. Tentei tirar na hora que se aproximava mas na primeira foto ainda estava meio longe e na segunda foto, logo em seguida, a parte da frente já tinha passado! rsss
Definitivamente, "Timing" é tudo em fotografia, ainda mais se tratando de trem-bala! rsss



Resolvemos escolher um dos roteiros recomendados por esta revista. Chegamos na cidade de manhãzinha e como o check-in no hotel só poderia ser feito depois das 2 da tarde, deixamos a mochila num armário alugado na estação e já rumamos para Harborland, a área portuária, através de metrô.
Falar em Kobe é lembrar que a cidade possui um dos principais portos do país. Ali foi uma das portas de entrada quando o país se abriu para o Ocidente na Era Meiji (1868-1912), depois do fim da Era dos Shogunatos (período feudal). E foi dali também que saiu o primeiro navio com imigrantes japoneses para o Brasil, o Kasato Maru!
A zona portuária foi totalmente recontruída depois do terrível e devastador terremoto de 1995 que vitimou milhares de pessoas, incendiando casas e deixando marcas até hoje no cotidiano da cidade e na vida de seus moradores.
Hoje esta área é frequentada por jovens que vêm atraídos pelos shoppings centers, parques e passeios de barco.

Interior do shopping center em Harborland.


Galeria de confeitarias e sorveterias em Harborland.


Olha que legal essa Mona Lisa feita toda de botões! Estava exposta neste mesmo shopping center.


Clique nas fotos para ver em tamanho ampliado.


Esta torre é um dos símbolos da cidade, juntamente com o museu marítimo logo atrás com suas estrutruras brancas de ferro que lembram uma montanha-russa.


Logo ao lado de Harborland tem o Parque Meriken onde fica o Memorial do Grande Terremoto Hanshin de 1995. Tem muitas fotos dos estragos, da recuperação do porto e este trecho que eles preservaram para que as pessoas pudessem ver a força do terremoto que sacudiu a região.


Um dos muitos barcos onde você pode fazer passeios pelo porto. O "Concerto" é um dos maiores, mas nós passeamos num menor chamado "Fantasy". Não recomendo para quem tem enjôo ao andar em transportes ou ir depois de comer, o barco balança bastante enquanto está atracado!

Ao fundo, outro ponto de atração, o Kobe Meriken Park Oriental Hotel, uma construção que lembra uma onda. Dêem uma olhada neste site, tem fotos muito bonitas da cidade. Aguarde recarregar as fotos. Tem duas séries de fotos, uma de dia e outra à noite. Saia e entre no site para poder ver a outra série de fotos.

Uma escultura gigante de peixe no parque.

Aguardem outros posts sobre os outros passeios na cidade!