Vida universitária
Tirei as fotos do campus da Unicamp em preto e branco. Acho que foi porque, sem querer ser dramática, minha vida universitária foi vivida em preto e branco. Como pós-graduanda, não tenho mais que assistir aulas, então, vou lá apenas uma vez por semana, mas sempre que passo pelas guaritas de uma das várias entradas do campus, tenho uma sensação desagradável, como se aquele não fosse meu lugar. Uma vez encontrei uma garota dentro de uma dessas peruas que funcionam como lotação que me disse que sentia uma repulsa quase física pela faculdade, ela tinha passado no vestibular para engenharia de alimentos, mas só tinha conseguido completar o primeiro ano antes de pedir transferência para uma faculdade do sul do país, de onde tinha vindo. Acho que ela veio para Campinas naquela ocasião apenas para pegar alguns papéis para sua nova faculdade, também nem lembro como começamos a conversar, mas foi como se tivesse encontrado uma alma gêmea.
Para que minha reação seja mais compreensível talvez seja preciso explicar como entrei na universidade. Foi no segundo vestibular, Filosofia tinha sido minha opção para o caso de não conseguir passar em nenhuma outra universidade pública. Estava prestando vestibular para jornalismo na Usp e biologia na Unesp (dá para ter uma idéia de como estava perdida, não é? Aliás, até hoje! rs). Não passei em jornalismo e não achava que passaria em biologia, porque tinha feito um curso técnico e não tinha visto quase nada de química e física. Enquanto prestava os vestibulares, recebi a notícia de que tinha ganhado uma viagem para o Pantanal em um concurso promovido por um grande jornal de SP. Tinha ficado em segundo lugar, o primeiro ganhava uma viagem para Fernando de Noronha (Suspiro!). Marquei a viagem para a primeira semana de março, ia perder a primeira semana de aulas, mas nem pestanejei. Tinha passado em Filosofia e já estava com a matrícula feita. Não tinha qualquer entusiasmo para começar minha vida universitária.
Acordei cedo no dia da viagem, peguei minhas coisas e fui de ônibus sozinha até SP para pegar o avião, foi meu primeiro vôo e adorei tudo. Ia acompanhar um projeto de preservação das araras azuis junto com uma bióloga, a Neiva do Projeto Arara Azul. Desci em Campo Grande e dormi em sua casa na primeira noite. No dia seguinte, partimos em direção à estrada que liga Campo Grande a Corumbá. Ficamos alguns dias hospedadas em um hotel no meio do nada e alguns dias em uma Fazenda da Embrapa, passamos o tempo todo andando no mato, dentro da água e nos areiais em busca das araras e de seus ninhos, foi uma experiência mágica! Na hora de ir embora, quase pedi para a Neiva me deixar ficar ali ajudando com as araras. Não queria mais voltar, mas voltei e dei início à minha vida universitária, sem ânimo, querendo estar em outro lugar. O pior era saber que tinha ficado na lista de espera no curso de biologia e não ter ido até lá para ver se conseguia uma vaga, mas era longe, em Botucatu, e não teria condições de me manter em outra cidade.
A melhor coisa que aconteceu enquanto estudava foi ter conhecido meu marido, entretanto, tê-lo conhecido também me fez prolongar minha permanência na universidade, escrevi um projeto e consegui uma bolsa de estudos e continuei, por mais 9 anos.
A teatro de arena. Nunca vi nada ser apresentado aqui, mas já tentei tirar um cochilo em um de seus bancos de concreto quando arranjei um emprego. No primeiro ano, tinha começado a trabalhar à noite em um restaurante chinês. Acordava às 5 da manhã, pegava um ônibus para a cidade vizinha e de lá pegava o fretado que me levava até à Unicamp. Voltava para a tal cidade vizinha depois das aulas, trabalhava até às 11 da noite e pegava o último ônibus para voltar para casa. Isso durou só três meses. Desisti, vencida pelo cansaço. A gente faz coisas doidas quando é adolescente, não é mesmo?
Para que minha reação seja mais compreensível talvez seja preciso explicar como entrei na universidade. Foi no segundo vestibular, Filosofia tinha sido minha opção para o caso de não conseguir passar em nenhuma outra universidade pública. Estava prestando vestibular para jornalismo na Usp e biologia na Unesp (dá para ter uma idéia de como estava perdida, não é? Aliás, até hoje! rs). Não passei em jornalismo e não achava que passaria em biologia, porque tinha feito um curso técnico e não tinha visto quase nada de química e física. Enquanto prestava os vestibulares, recebi a notícia de que tinha ganhado uma viagem para o Pantanal em um concurso promovido por um grande jornal de SP. Tinha ficado em segundo lugar, o primeiro ganhava uma viagem para Fernando de Noronha (Suspiro!). Marquei a viagem para a primeira semana de março, ia perder a primeira semana de aulas, mas nem pestanejei. Tinha passado em Filosofia e já estava com a matrícula feita. Não tinha qualquer entusiasmo para começar minha vida universitária.
Acordei cedo no dia da viagem, peguei minhas coisas e fui de ônibus sozinha até SP para pegar o avião, foi meu primeiro vôo e adorei tudo. Ia acompanhar um projeto de preservação das araras azuis junto com uma bióloga, a Neiva do Projeto Arara Azul. Desci em Campo Grande e dormi em sua casa na primeira noite. No dia seguinte, partimos em direção à estrada que liga Campo Grande a Corumbá. Ficamos alguns dias hospedadas em um hotel no meio do nada e alguns dias em uma Fazenda da Embrapa, passamos o tempo todo andando no mato, dentro da água e nos areiais em busca das araras e de seus ninhos, foi uma experiência mágica! Na hora de ir embora, quase pedi para a Neiva me deixar ficar ali ajudando com as araras. Não queria mais voltar, mas voltei e dei início à minha vida universitária, sem ânimo, querendo estar em outro lugar. O pior era saber que tinha ficado na lista de espera no curso de biologia e não ter ido até lá para ver se conseguia uma vaga, mas era longe, em Botucatu, e não teria condições de me manter em outra cidade.
A melhor coisa que aconteceu enquanto estudava foi ter conhecido meu marido, entretanto, tê-lo conhecido também me fez prolongar minha permanência na universidade, escrevi um projeto e consegui uma bolsa de estudos e continuei, por mais 9 anos.
A teatro de arena. Nunca vi nada ser apresentado aqui, mas já tentei tirar um cochilo em um de seus bancos de concreto quando arranjei um emprego. No primeiro ano, tinha começado a trabalhar à noite em um restaurante chinês. Acordava às 5 da manhã, pegava um ônibus para a cidade vizinha e de lá pegava o fretado que me levava até à Unicamp. Voltava para a tal cidade vizinha depois das aulas, trabalhava até às 11 da noite e pegava o último ônibus para voltar para casa. Isso durou só três meses. Desisti, vencida pelo cansaço. A gente faz coisas doidas quando é adolescente, não é mesmo?
6 Comments:
Sabe que voce falando do Pantanal me lembrou da minha amiga Lola, que trabalhou muito em varios lugares do brasil como o pantanal e hoje esta tocando o Projeto de Conservação do papagaio do peito roxo com o marido dela numa cidade chamada Cananeia. As nossas historias de vida sao muito interessantes. OS caminhos que percorremos até chegar aonde estamos.Gostei muito das fotos em preto e branco.
Sabe que acho que o quinto lugar nesse concurso era uma semana em uma reserva de Mata Atlântica? Talvez esteja enganada, mas acho que era em Cananéia, que engraçado!
Aos poucos estou começando a entender aquele post no Falanstério, que vc fala dos SEs. A vida da gente é muito engraçada mesmo, mas nunca é tarde para recomeçar! Meu cunhado se formou agrônomo e hoje é acupunturista! Minha prima era nutricionista e agora é comissária de bordo. Minha concunhada se formou em biologia e agora está estudando estética... enfim, exemplos não faltam. Espero que encontre seu verdadeiro caminho, o que te trará satisfação e realização!
Akemi, é como dizem vários filósofos: "o ser humano é um ser inquieto, sempre em busca de algo"!
Karen,ando desconfiada que a escrita da troupe vai me fazer viciante (mais?)nesse blog também.
Renata, espero que não tenha efeitos colaterais! ;-)
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