sexta-feira, junho 30, 2006

Ipês rosa

Já faz algum tempo que vejo ipês rosas pela cidade e no campus da universidade. Tirei algumas fotos hoje, podemos não ter cerejeiras, mas os ipês floridos sempre me alegram. (Não tinha reparado na hora em que tirei a foto, mas acho que o pontinho preto no céu era um helicóptero).

Lá no fundo está o teatro de arena do campus.

Detalhe do teatro de arena.

Ramos floridos

Esta árvore enchia os olhos

Um pequeno buquê

terça-feira, junho 27, 2006

Dekassegui


No dia 15 de Abril de 1933, meus avós desembarcaram no Porto de Santos, depois de dois meses de viagem num navio. Partiram do Japão, abandonando sua pátria, familiares, uma vida sofrida e pobre. Partiram em busca de um sonho, trabalhar num país do outro lado do mundo que oferecia propostas tentadoras de dinheiro rápido. Partiram sem saber falar nenhuma palavra desse país. Partiram sem saber sua cultura e o que os aguardava. Partiram com a promessa de enriquecerem e voltarem a sua terra natal depois de alguns anos.
Foram trabalhar nas plantaçoes de café de São Paulo, rotina longa e cansativa de domingo à domingo. De sol a sol. Quanto mais membros da família trabalhando, mais dinheiro recebiam. Não foram poucas as crianças que, ao invés de brinquedos, recebiam uma enxada para ajudar a família.
Como vieram com a intenção de voltar ao Japão em poucos anos, viviam em guetos, falando japonês e ensinando a língua a seus filhos. Não se misturavam com os nativos, viviam numa bolha, não se esforçando para se integrarem à sociedade local. Para quê? Logo estariam embarcando de volta para casa, pensavam...
Os anos foram passando e o dinheiro não veio tão rápido quanto pensavam. Foram prolongando sua estada, prolongando... até que se acostumaram ao país. Só que nunca deixando de lado a cultura japonesa. Não são raros os casos de imigrantes japoneses que morreram no Brasil sem falar uma palavra em português, ou quando muito, uma ou outra palavra portuguesa (entre eles, meu próprio avô).
Esses imigrantes tiveram filhos, netos, bisnetos. Seus descendentes foram para a escola brasileira e aprenderam o português. Estudaram e se formaram na faculdade. Casaram com não-descendentes de japoneses, coisa que era abolida nos primórdios da imigração no Brasil. Hoje, nós descendentes de japoneses fazemos parte da sociedade brasileira assim como todos os descendentes de imigrantes de outros países que foram para lá com o mesmo sonho.
Infelizmente, a economia ruim do nosso país nos obrigou a buscar oportunidades em outros lugares. Nos anos 80, com o Japão vivendo a bolha econômica, era necessária muita mão-de-obra nas fábricas japonesas e, assim, abriram suas portas para os descendentes de japoneses que viviam em outros países. Bastava apresentar um documento mostrando sua descendência ao Consulado para obter o visto. Iniciava-se o movimento dekassegui.
Em Setembro de 1990, eu e mais duas amigas, largamos nossos empregos, familiares e fomos em busca do nosso sonho no Japão. Com a promessa de ganhar muito dinheiro trabalhando nas fábricas japonesas. Saímos sem entender muito a língua de nossos avós. Saímos com a intenção de voltar em dois anos, no máximo. Aqui descobrimos que a rotina é longa e cansativa. Aqui descobrimos que o custo de vida é altíssimo e não conseguimos economizar como imaginávamos. Aqui descobrimos que não temos mais pátria. No Brasil, somos chamados de japoneses e aqui somos gaijin (estrangeiros). A maioria vivendo em guetos, falando português, vendo programas em português, lendo livros e revistas em português. Comendo comida brasileira, indo em restaurantes brasileiros. Casamentos entre brasileiros, filhos em escolas brasileiras. Lógico que com tudo isso, o choque social é grande. Muitos não conseguem se integrar à sociedade japonesa e, pior, não aceitam a cultura local.
Estamos fazendo o caminho inverso de nossos avós, mas depois de 20 anos de movimento dekassegui, ainda é uma incógnita o nosso futuro.

segunda-feira, junho 26, 2006

Arundel


1 hora e 15 min de Londres saindo da estação de Victoria. Acho que os trens saem 1 por hora. Arundel é um ponto de referência ótimo para se explorar a região da Inglaterra aonde se encontra – Sussex. A cidade é coroada por um castelo datado do século XI. É de propriedade particular, ao contrário de construções semelhantes que pertencem a organizações de preservação de patrimônio. Apesar de ter sido bem danificado na época da guerra Civil hoje em dia se encontra em bom estado de conservação. É imponente. Vale a pena visitar embora o bilhete de trem não seja barato – por volta de £14. A vista que se tem dos arredores é imperdível. Clique aqui para saber mais sobre o castelo e evitar minhas descrições insuficientes – texto em inglês.





A cidade de Arundel é bem bonitinha e a rua principal, High Street, é cheia de prédios interessantes: antiquários, lojas de brinquedos. Uma boa é se entrar nas ruelas que são perpendiculares à rua principal pois tem lojinhas diferentes, casas de chá ‘old fashioned’. É a velha história de que se tem que sair do circuito turístico para que se possa ver o outro lado. No fim de agosto, o castelo é o cenário do festival de Arundel: 10 dias de concertos sinfônicos, exibições de arte.. Tem também o ‘Fringe Concert’ que seria o que acontece em paralelo ao festival principal. O fringe oferece opções bem mais em conta – muitas até grátis, e nem por isso menos interessantes. Para mim a grande atração é o fato de que no verão os dias são bem longos, e até mais ou menos às 10 da noite você pode ficar ao ar livre curtindo o tempo, os eventos, fazendo um super piquenique.

Um novo blog

Este blog começou com o encontro de quatro mulheres na internet, três expatriadas e uma em terras brasileiras. Cada uma de nós convidou as demais para conhecerem suas cozinhas, prepararam pratos gostosos, trocaram receitas e, finalmente, decidiram mostrar um pouco mais de seu cotidiano, dos lugares onde moram, das coisas que vêem.

Haverá um pouco do Japão, um pouco dos EUA, um pouco da Inglaterra, do Brasil e dos lugares por onde passarmos neste blog. Espero que aproveitem a viagem!