Visitando Kitano
Acordamos com um céu nublado. Uma chuva fina e chata caia enquanto tomávamos nosso café da manhã.
Não havíamos trazido guarda-chuva.
"Será que o hotel não nos empresta um?", perguntei para o Luiz.
"Deve ter um para emprestar, sim. Acho que vi um hóspede saindo com um."
Alívio, pois nosso passeio seria quase todo ao ar livre.
Terminamos nosso café cheio de pãezinhos, geléias, ovos mexidos, salsichas, suco... hummm!
Quase todas as mesas estavam ocupadas por estrangeiros. Um grupo de chineses mal-educados que ignoravam a placa de não fumar. Uma família de americanos que atraia os olhares curiosos e constrangedoramente insistentes de duas japonesas ao nosso lado. Um casal de idosos americanos mais à frente. Alguns engravatados sozinhos aqui e ali. Business and pleasure.
Mapa na mão, guarda-chuva na outra e lá famos nós rumo a Kitano para conhecer as casas que pertenceram aos estrangeiros que chegaram ao Japão no século 19 com a abertura dos portos. O lugar é conhecido como Ijinkan (casa dos estrangeiros) e não foi difícil chegar até lá. Talvez 10 minutos a pé do hotel, mas aviso que vocês terão que enfrentar umas ladeiras bem íngremes!
As casas funcionam como museus exibindo objetos e móveis da época. Talvez uns anos atrás consideraria um verdadeiro programa de índio. Cheiro de mofo, penumbra. "Velharias". Coisa de pesquisa escolar. Eca!, diria. Mas apreciamos e bastante!
Duas senhoras na calçada nos ofereceram um passaporte com direito a visita a 9 casas a um preço especial. Dia de chuva. Poucos fregueses. Lucky day!
O primeiro lugar que visitamos foi a Casa do Ben.
A casa pertenceu a um caçador que viajou o mundo todo. As paredes da casa, o chão, tudo forrado com as cabeças de animais. Bem bizzaro. Creio que não me sentiria confortável em jantar com um alce me olhando assim...
Ou abrir a porta e dar de cara com esse antílope me olhando desta maneira...
E que tal se sentar nestes banquinhos?
Creio que a casa do Ben daria um bom cenário para um filme de suspense! rsss
Felizmente nas outras casas encontramos vários objetos bem mais interessantes. Ficar algum tempo dentro destas casas nos faz esquecer que estamos no Japão. Os moradores trouxeram tudo de seus países de origem, desde pequenos objetos de decoração até carros!
Hotel Negresco em Nice, restaurante Maxim's em Paris.
Hotel George V em Paris.
The Ritz em Londres e The Pierre Hotel em Nova Iorque.
É difícil não deixar de suspirar imaginando as viagens que este morador deve ter feito ao longo de sua vida... Olha que nome mais romântico para este corredor na casa italiana!
Ele nos conduz para uma adega antiquíssima! Tem vinhos de 300 anos atrás! Imagine a fortuna que deve custar hoje em dia!
Terminamos nosso passeio em Kitano almoçando no pequeno restaurante que fica na varanda da casa italiana. Este pequeno altar mais o jardim com piscina ficavam logo abaixo. A comida é bem simples, nada de arregalar os olhos, mas a simpatia e gentileza das funcionárias compensa. Trouxeram-nos até pequenos cobertores para cobrir nossas pernas pois um ventinho frio teimava em soprar. Além da casa toda ser muito linda!
E assim deixamos Kobe para trás. Sem dúvida um passeio que vai ficar na nossa memória pelos lugares pitorescos e coisas lindas que tivemos oportunidade de conhecer!